terça-feira, 20 de junho de 2017

PODIA SER PIOR

O dia apenas amanhecera e Jorge já se achava a meio caminho da empresa em que trabalhava. 
Os passos lentos e o olhar voltado para o chão, demonstravam a tristeza e o desalento de que estava possuído. 
Adentrou o local de trabalho alguns minutos antes do horário, e cumprimentou o colega, um tanto desanimado. 
Ao perceber a tristeza de Jorge o companheiro lhe perguntou interessado: 
- O que aconteceu com você? Seu olhar denuncia sentimentos amargos... 
- É verdade. Trago nos ombros o peso da desesperança... 
- À minha volta só acontecem desgraças e mais desgraças... Sinto-me impotente, e penso que sou o homem mais infeliz da face da terra. 
- Mas, afinal de contas, o que aconteceu? - Indagou o colega. 
- Ora, meu irmão mais novo contraiu grande dívida e fugiu sem deixar o endereço. 
Meu cunhado envolveu-se com assaltantes e está atrás das grades. 
O companheiro que ouvia atento, observou: mas podia ser pior...
Jorge continuou: 
- Minha esposa, levianamente envolveu-se com um rapaz bem mais novo que ela, e abandonou o lar... 
- Mas podia ser pior... - Retrucou o colega.
- Meu melhor amigo me traiu, espalhando calúnias a meu respeito... 
- No entanto, podia ser pior... - Falou novamente o companheiro. 
Jorge não suportou mais ouvir aquela afirmativa e perguntou um tanto irritado:
- Ora, eu já lhe contei tantas desgraças e você só sabe dizer que podia ser pior? O que poderia acontecer que fosse pior?

O amigo respondeu serenamente: 
- você falou que o seu irmão tomou um empréstimo e não honrou o compromisso... 
Que seu cunhado envolveu-se em assaltos... 
Que sua esposa o traiu... 
Que seu melhor amigo o caluniou... 
E eu posso afirmar com segurança que podia ser pior, se fosse você o autor de tantos desatinos... 
Jorge um tanto chocado, olhou longamente para o colega e respondeu meio reticente: 
- É... Podia mesmo ser pior...
Às vezes nos deparamos com situações que nos deixam tristes, porque sentimos o coração dilacerado pela traição, pela calúnia, ou pelos equívocos dos entes queridos. 
Todavia, se já conseguimos permanecer fiéis à nossa própria consciência, poderemos oferecer apoio aos que ainda se debatem nas águas turbulentas dos vícios morais.

Pense nisso! 
Ainda que a navalha da ingratidão nos dilacere o coração... 
Ainda que tenhamos que sorver a taça da calúnia, lembremos o exemplo maior de Jesus, diante da traição do amigo que com ele convivera por longos anos...

E, por fim, lembremos a derradeira frase que proferiu do alto da cruz infamante: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem

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