Natal de Todo Dia
Naquela manhã, o chefe da família lia
o seu jornal quando, entre várias notícias importantes, deparou com a seguinte
nota em destaque:
Se quiser gozar um dia muito mais
alegre e feliz, reparta com outrem alguma coisa boa.
Leu outra vez a nota e dando uma palmadinha
na perna, exclamou:
- Que idéia interessante!
Levantou-se e foi dar uma espiada na
geladeira.
- Veja só que beleza! Dois perus
assadinhos!
Tirou então o maior, colocando-o numa
bandeja descartável, envolvido numa folha de papel laminado. Em um pequeno
cartão, ele copiou a nota encontrada no jornal e o depositou sobre o presente.
Tomando o chapéu, saiu com a bandeja dentro de um cesto vazio, que a esposa
recebera com guloseimas, e seguiu em direção à casa do velho sapateiro ali do
bairro.
Devagarzinho e sem fazer barulho, ele
colocou o cesto na porta da entrada, bateu palmas e antes que o atendessem
seguiu rapidamente o seu caminho de volta, carregando consigo uma grande
sensação de bem-estar.
- Que magnífica e oportuna surpresa -
disse o sapateiro, ao descobrir que na sua porta havia um presente. Lendo o
cartão, ele coçou a cabeça como quem está à procura de alguma coisa.
Finalmente, concluiu com alegria:
- Já sei o que vou fazer. Levarei a
franguinha que havia comprado para o meu almoço de hoje, e a darei para a pobre
viúva do meu amigo Mendes.
Guardou no forno o peru que recebera
e no mesmo vasilhame meteu a franguinha ainda sem assar, também acompanhado do
mesmo cartão, deixando tudo na porta da viúva. Esta, ao abri-la, arregalou os
olhos diante da tão agradável surpresa. Lendo o cartão, disse depois de pensar
um pouco:
- Levarei o pudim que fiz para a
pobre lavadeira, que está meio adoentada.
Ela estava no quintal estendendo
roupa e nem viu a viúva entrar, colocar o cesto sobre a mesa e sair. Quando viu
o presente e leu o cartão, ficou também entusiasmada com a idéia e decidiu
assar um bolo e levar aos pequenos órfãos do Sr. Bastos.
E assim fez. Tomou-o, foi à casa das
crianças e, entrando sem bater, o colocou sobre a mesa, na presença dos três
órfãos, dizendo:
- Se quiser gozar um dia muito mais
alegre e feliz, reparta com outrem alguma coisa boa.
As crianças, vendo o bolo, ficaram
emocionadas e disseram umas para as outras:
- Um bolo de verdade para nós.
Igualzinho ao que mamãe fazia! Como está cheiroso...
O mais velhinho dos três, lembrando
as palavras da lavadeira, sugeriu cortar uma fatia do bolo e levá-la para o
Tonico, que é aleijado, também pobrezinho e que nunca recebe coisas gostosas de
ninguém.
Os outros dois concordaram e eles,
alegres, saíram levando a fatia para o menino, que passava o dia em sua cadeira
de rodas. Entregando o pedaço de bolo, um dos órfãos repetiu para ele:
- Se quiser gozar um dia muito mais
alegre e feliz, reparta com outrem alguma coisa boa. Depois, saíram os três.
Tonico foi comendo o bolo e
espalhando as migalhas para os passarinhos, que comiam saltitando como a dizer
também:
- Se quiser gozar um dia mais
alegre..
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