A menina - seis anos –
inconsolável, olhava para um terreno baldio. Copiosas lágrimas brotavam de seus
olhos, enquanto o jardineiro sepultava seu cachorrinho. Era seu parceiro
inseparável, na partilha das brincadeiras e dos afetos. Sentia-se infeliz; o
mundo não era mais um bom lugar para morar.
A avó afagou a cabeça da menina e isto
fez aumentar seu choro. As lágrimas, aos poucos, foram secando. A avó falou do
pequeno animal e seu sofrimento nos últimos dias. Sua morte fazia parte das
perdas normais. Depois, com ternura e firmeza, tomou o braço da menina e pediu:
venha comigo. E levou a criança para outra janela.
Correu a cortina e lá estava o jardim
e, bem no centro, uma roseira com dezenas de rosas amarelas. As abelhas sugavam
seu mel e pequenos pássaros saltitavam em seus ramos. Você lembra o dia em que
plantamos uma pequena haste, cheia de espinhos? Ela lembrava. Havia
poucas esperanças que sobrevivesse. Contrariando as possibilidades, a
vida venceu e se manifestava numa harmonia de cores, formas e perfumes.
Assim é a vida, explicou a avó. Não
existe só uma janela pela qual possamos ver a realidade. Há janelas que se
abrem para o passado, que não podemos modificar. Mas há janelas que se abrem
para novas possibilidade e surpresas. A vida é curta demais para ficar olhando
para o que não deu certo. Há janelas que se abrem para o futuro, acenando para
sonhos e possibilidades. Não há noite que jamais termine, nem inverno que nunca
acabe. Uma frase nos ajudará ao longo da vida nos bons e maus momentos: isto
também passará.
O Evangelho ensina a olhar a vida por
outra janela. O amor de Deus é maior que o nosso pecado, a vida triunfa sobre a
morte. Ali, quando as limitações humanas parecem definitivas, surge o milagre
da graça. É a história do grão de trigo, que passa pela solidão, pelo frio e
pela escuridão da terra, mas que um dia explode no milagre da vida.
Nas situações limites, podemos sempre
proclamar: a última palavra ainda não foi dita. E por isso devemos fechar a
janela das limitações humanas, de todo tipo, e abrir a janela da Esperança. Por
vezes nos fixamos na janela da tristeza e frustração, mas a mão do Pai nos
conduz para outra janela que se abre para o Infinito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário