“Saudade do tempo que se tinha tempo.” (@casa.rosa). O Natal demorava para chegar. A Páscoa igualmente. O dia do aniversário não tinha a festividade que hoje temos. O domingo sempre parecia estar bem longe. De fato, o tempo não passava tão rápido como hoje imaginamos. Não havia distrações e ruídos como temos hoje. Conhecíamos os sons da natureza e reconhecíamos a voz de todos. Tínhamos tempo para tudo e nos alegrávamos com as pequenas coisas de cada dia e com os sinais de uma vida marcada pela humildade e pela simplicidade. Os tempos são outros, agora. Já reparou como o tempo parece ter encolhido? Antes, cabia tanta coisa dentro de um dia: as conversas demoradas, os encontros sem pressa, os momentos de olhar para o céu sem culpa. Hoje, tudo corre, tudo urge, e a sensação de que nunca dá tempo para nada nos acompanha como uma sombra. O tempo ainda existe, mas fomos nós que mudamos a maneira de usá-lo. A tecnologia encurtou distâncias, mas aumentou as distrações. Trabalhamos mais, respondemos mensagens o dia inteiro, acumulamos compromissos e deixamos para depois o que realmente nos faz bem. O problema é que esse "depois" nem sempre chega. As pausas se tornam raridade, os afetos são apressados e o descanso vira algo a ser conquistado, e não simplesmente vivido. Mas a verdade é que o tempo não sumiu. Ele ainda está aqui, no presente que negligenciamos, nas horas que gastamos com o que não nos preenche, nas oportunidades que deixamos escapar enquanto nos preocupamos com o que vem a seguir. O tempo continua o mesmo, o que mudou foi a nossa forma de habitá-lo. Quem disse que não temos tempo? Talvez só precisemos aprender a priorizar o que realmente importa. Talvez a saudade do tempo que se tinha tempo seja, na verdade, um chamado para vivermos melhor o agora. Porque, no fim, o tempo não espera. E um dia, sentiremos saudade do tempo que temos hoje.
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