by Nelson Sudario 27-08-2018
Urso
Faminto
Certa vez, um urso faminto perambulava pela
floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado
sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso,
percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em
brasas, e dela tirou um panelão de comida.
Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a
abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.
Enquanto abraçava a panela, começou a
perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele
estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela
sensação e, então, interpretou as queimaduras
pelo seu
corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto.
E, quanto mais alto rugia, mais apertava a
panela quente contra seu imenso corpo Quanto mais a tina quente lhe
queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento,
encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a
tina de comida.
O urso tinha
tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto,
ainda mantinha a expressão de estar rugindo. Quando
terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por
muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos
queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes.
Temos medo de abandoná-las e esse medo nos
coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações
e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e
defendemos.
Tenha a coragem e a visão que o urso não
teve. Tire de seu caminho tudo
aquilo que faz seu coração arder.
solte a panela!