O limite do desejo
Um imperador que era conhecido pela
sua arrogância e pelo fato de só fazer o bem quando isso trazia bons dividendos
políticos, resolveu dar uma volta pela capital do reino.
- Vamos mostrar ao povo que sou um
homem bom - disse aos nobres que o acompanhavam.
Caminharam por alguma ruas da cidade,
seguidos pela multidão que sempre se juntava ao redor da comitiva, até que
encontraram um mendigo.
O que você precisa, pobre homem? Perguntou
o imperador.
O mendigo riu:
Vossa alteza me faz essa pergunta
como se pudesse satisfazer qualquer coisa!
Escutou-se um murmúrio na multidão;
aquele homem vestido de andrajos e com uma bolsa vazia ao lado, duvidara da
capacidade de alguém tão poderoso!
Irritado o imperador repetiu: O que
você quer?
Claro que eu posso satisfazer
qualquer desejo seu, já que não deve Ter sido um homem muito ambicioso nessa
vida!
Pense duas vezes antes de me
perguntar isso - insistiu o mendigo.
O soberano agora mais irritado do que
nunca , fez a pergunta mais uma vez.
Na verdade, o meu desejo é bem
simples.
Está vendo essa bolsa vazia que
carrego comigo? Pois gostaria que colocasse alguma coisa aí dentro.
Claro - disse o soberano.
E virando para seu conselheiro, pediu
para que enchesse a pequena bolsa de moedas. Escutou-se de novo o murmúrio da
multidão, louvando a Deus por Ter colocado um homem tão generoso no comando do
país.
O conselheiro pegou o dinheiro que
tinha consigo e colocou na pequena bolsa, mas ela parecia continuar vazia.
Surpreso, o imperador pediu ajuda aos
nobres que o acompanhavam, mas, mesmo depois de toda a comitiva ter esvaziado
seus bolsos e sacolas, a bolsa não dava sinal de encher.
A história correu pelas praças e ruas
das redondezas, e, a multidão aumentou cada vez mais. Agora era o prestígio do
imperador que estava em jogo, e ele se virou para o ministro: Se precisar
colocar todo o meu reino aí dentro, farei isso, mas não posso ser humilhado por
um mendigo.
O ministro foi até o palácio, trouxe
diamantes, pérolas e esmeraldas, mas a bolsa não enchia.
Tudo que era ali colocado parecia
desaparecer num passe de mágica. A manhã se fez tarde, e a noite começou a
cair. Metade do tesouro do governo já havia sido colocado na bolsa do mendigo,
e nada.
A essa altura, praticamente toda a
cidade acompanhava a cena, mas não se escutava um só ruído; todos pareciam
hipnotizados com o que estava acontecendo. Finalmente quando a primeira estrela
apareceu, o soberano ajoelhou-se diante do mendigo e admitiu sua derrota. Vim
aqui para tentar convencer os outros que sou um homem generoso, e terminei
convencido de que não tenho nenhum poder. Peço perdão pela minha arrogância,
mas também peço que me abençoes, porque é um homem santo, capaz de milagres.
O mendigo colocou as mãos na cabeça
homem ajoelhado e o abençoou.
Basta um grão de amor para que o
coração fique repleto; entretanto, nem toda a riqueza do mundo pode encher de
alegria um coração com fome de amor.
O imperador levantou-se e, antes de
retornar ao palácio, perguntou ao mendigo:
É esse o segredo de sua bolsa?
NÃO. MINHA BOLSA É FEITA DE DESEJO HUMANO; POR
MAIS QUE TENHA, SEMPRE QUER TER MAIS E POR ISSO PERMANECE VAZIA.
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